Sapo: “A morte é um dia que vale a pena viver”. Médica explica em livro como ultrapassar o luto e dar um novo rumo à vida

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A morte é talvez o maior medo de boa parte das pessoas e é ainda um tabu. “Quando morre uma pessoa amada e importante, é como se fôssemos levados até a entrada de uma caverna” e é “preciso cavar a própria saída”, diz Ana Cláudia Quintana Arantes, médica especialista em Cuidados Paliativos, e autora do bestseller “A morte é um dia que vale a pena viver”.

“Quando morre uma pessoa amada e importante, é como se fôssemos levados até a entrada de uma caverna. No dia da morte entramos na caverna e a saída não é pela mesma abertura por onde entrámos, pois não encontraremos a mesma vida que tínhamos antes. A vida que será conhecida a partir da perda nunca será a mesma de quando a pessoa amada estava viva. Para sair dessa caverna do luto é preciso cavar a própria saída”, explica no livro a médica Ana Cláudia Quintana Arantes.

A especialista em Cuidados Paliativos mostra no livro “A morte é um dia que vale a pena viver”, um bestseller no Brasil, que a grande questão que envolve a morte, na verdade, é a vida. Como vivemos? Os nossos dias são devidamente aproveitados ou vamos chegar ao fim desta jornada cheios de arrependimento pelo que fizemos ou, pior, pelo que não fizemos?

“Quando perdemos definitivamente a conexão com alguém importante, alguém que para nossa vida representou um parâmetro de nós mesmos, é como se nos privássemos da capacidade de reconhecer a nós mesmos”, comenta a autora, garantindo que há formas de sair dessa fase da vida reforçado. “A morte é um excelente motivo para procurar um novo olhar para a vida”, frisa a autora.

A revolta, o medo, a culpa e outros sentimentos que contaminam o tempo de tristeza acabam por prorrogar a nossa estadia na caverna e podem conduzir-nos a espaços muito sombrios dentro de nós

Um processo de profunda transformação

“O luto é um processo de profunda transformação. Há pessoas que podem transformar a temporada na caverna num período menos doloroso, mas essas pessoas não podem fazer o trabalho por nós. A tarefa mais sensível do luto é restabelecer a conexão com a pessoa que morreu por meio da experiência partilhada com ela. A revolta, o medo, a culpa e outros sentimentos que contaminam o tempo de tristeza acabam por prorrogar a nossa estadia na caverna e podem conduzir-nos a espaços muito sombrios dentro de nós”, alerta a médica.

“É mágico como a dor passa quando aceitamos a sua presença. Olhemos para a dor de frente, ela tem nome e sobrenome. Quando reconhecemos esse sofrimento, ele quase sempre se encolhe. Quando negamos, ela apodera-se da nossa vida inteira”, diz a especialista.

No livro, Ana Cláudia Quintana Arantes partilha as suas experiências pessoais e profissionais e incentiva as pessoas a cultivarem relações saudáveis, a cuidarem de si próprias com a mesma dedicação com que cuidam dos parentes e amigos. A autora reforça ainda a importância de se ter hábitos saudáveis, sem deixar de se fazer aquilo que se tem vontade e traz felicidade.

Quem é Ana Cláudia Quintana Arantes?

Ana Cláudia Quintana Arantes formou-se em Medicina na Universidade de São Paulo. É médica nas especialidades de Geriatria e Gerontologia no Hospital das Clínicas da Faculdade Médica da Universidade de São Paulo. Fez uma pós-graduação em Psicologia – Intervenções em Luto, pelo Instituto 4 Estações de Psicologia e uma especialização em Cuidados Paliativos, pelo Instituto Pallium e pela Universidade de Oxford.

Fonte: Reportagem de Nuno de Noronha para o portal Sapo Lifestyle

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