Uma Carta de Amor, de Lúcia Azambuja Saraiva Vieira

Uma Carta de Amor

Esta carta está sendo possível de escrevê-la, após se passarem alguns anos sem convivermos e após a sua partida deste plano.

Talvez ela se caracterize numa carta de perdão também.

Sempre te senti muito próximo em toda a minha vida. Eras aquele pai parceiro, amigo, amigo dos nossos amigos, gostava de um bom papo. Depois de mais madura sentia que a relação de vocês enquanto casal, não era das melhores… mas qual casal não passa por isso??

Como em toda a vida da minha juventude, muitas situações não dividia com vocês, mas nossos papos eram intermináveis e sentia muita cumplicidade neles.

Mas um dia resolvesses dar uma virada na tua vida. E esta virada ocasionou muito sofrimento a nossa mãe, o que nos deixou muito desconfortáveis no primeiro momento, mas o aceitamos de maneira parcial.

Parcial, porque escolhesses uma pessoa para estar ao teu lado que não nos inspirava confiança e muito menos bondade.

E assim alguns anos se passaram e a nossa relação foi piorando no quesito afeto e companheirismo. E seguisses o teu caminho, longe de nós, longe dos teus netos e longe familiares mais chegados a nós.

Entendo ter sio uma escolha tua, não que isso tenha diminuído o nosso sofrimento, mas aceitei resignadamente, pois era a tua vontade!

Hoje outros sentimentos veem à tona, e o que mais se sobressai e que nos anos que estavas conosco, eras por inteiro. Tua bondade com todos era contagiante, todos os que te conheceram expressam o mesmo sentimento.

Então o que nos resta é agradecer! Agradecer o pai bondoso e amoroso que tivemos no tempo que tivemos, não na sua idade cronológica.

Se esta carta era para ser de amor é também de perdão. Te amo, Lúcia

(um pai que viveu um casamento de mais 30 anos com 4 filhos e aos 56 anos resolveu ter outra família e faleceu aos 79 anos , há 2 anos.)

 

Lúcia Azambuja Saraiva Vieira

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